Queijo e fondue na medieval Gruyères

Nunca havia visto algo semelhante ao vilarejo de Gruyères. Descobri por acaso em algum dos muitos sites que pesquisei sobre a Suíça, antes da viagem. O nome me chamou atenção, afinal a região é produtora de um dos queijos que mais gosto, o Gruyère, e confesso que não é muito semelhante ao que comemos aqui no Brasil. O de lá é simplesmente divino, com sabor e consistência únicos. É...as vaquinhas suíças são realmente de grande valor.



De Fribourg pegamos um ônibus até a pequena cidade Bulle e, de lá, fomos de trem até Gruyères. A estação fica bem em frente à fábrica do queijo, a La Maison du Gruyère. 

Com nosso Swiss Pass não precisamos pagar a entrada. Pegamos o guia em português na recepção e, juntamente com ele, uma pequena amostra para degustação de três tipos de queijo gruyère, com 6, 8 e 10 meses de maturação. Primeiramente passamos por uma exposição que conta alguns segredinhos do sabor do queijo. Já subindo as escadas, ouvimos sons do cotidiano na fazenda (mugido, sinos, barulho do rio que corre a montanha e do pingo do leite). Em seguida, entre uma mordida e outra de queijo, sentimos diferentes aromas, típicos da flora presente no pasto. É aí que está o segredo do sabor do gruyère: o que as vacas comem é que dá qualidade e pureza ao leite utilizado na produção do queijo. Para produzir 25 litros de leite por dia, cada vaquinha consome 100 quilos de ervas e flores alpinas e 85 litros de água diariamente.


Fachada da La Maison di Gruyère

Bandejinha para degustação

Exposição sobre o leite, as vaquinhas e a produção do queijo.
Mais adiante, conhecemos de perto uma das etapas de produção do queijo, que acontece de três a quatro vezes por dia, das 09:00 hs às 11:00 hs e das 13:00 hs às 14:00 hs. Para cada quilo da iguaria são necessários 12 litros de leite. Os tachos (foto abaixo) com capacidade para 4800 litros, recebem o leite que será acrescido de coalho. Este processo demora de 35 a 40 minutos. Logo após, para diminuir a água e as bactérias, o leite é mexido com pás mecânicas até formar pequenos grãos. Dali, o conteúdo é transferido para as fôrmas (lado esquerdo da foto), por meio de mangueiras, para que seja comprimido. O objetivo dessa etapa é extrair o soro. 



A etapa final se dá com a prensagem do queijo, para se transformar em uma massa mais rígida, e mergulho em salmoura, antes de ser colocado nas prateleiras das caves, onde ficam de 5 a 15 meses maturando até o consumo.

Cave de maturação

O bendito queijo
Dentro da Maison há um restaurante que serve fondue à base de Gruyère e uma loja bem interessante com vários produtos e souvenirs. Deixamos para experimentar o tão famoso fondue suíço no renomado restaurante Le Chalet de Gruyères, que vocês verão no final da postagem.

Restaurante
Após a visita, pegamos o ônibus até a vila. É bem pertinho, só subir uma estrada e em 3 minutos lá está Gruyères. Bienvenue!! 


O vilarejo é preenchido por lindas casinhas em estilo medieval. E, em volta, as montanhas repletas de neve completavam o cenário encantador. A cada poucos passos, restaurantes charmosos faziam um convite para nos deliciarmos com os fondues. Hum, já não via a hora de experimentar o legítimo e um dos melhores fondues suíços!

Chocolateria
Na foto abaixo está a principal rua da vila. Antigamente era comum poços de água nas cidades. Atualmente, como não são mais usados, no lugar deles foram construídas pequenas fontes, como essa da foto. Ao fim da rua encontramos o Le Calvaire, onde há um oratório do lado de fora e, em seu interior, onde os artesãos locais expõem seus trabalhos.



Era carnaval. E como não poderia deixar de ser, presenciamos a comemoração desse período de uma forma inusitada para nós, brasileiros. O estilo do carnaval suíço é bem medieval, principalmente nas pequenas cidades. Enquanto os homens tocavam diferentes instrumentos, as mulheres dançavam. Já em algumas outras cidades, as pessoas vão fantasiadas para as ruas e há desfile de bandas de mascarados. Não só jovens, mas as famílias suíças também saem para aproveitar a festa.



A vila termina lá no alto, onde encontramos o lindo Castelo de Gruyères. Visitá-lo é uma viagem no tempo ao longo de oito séculos de história. A vista da região, voltada para as montanhas, é de tirar o fôlego. 

Entrada do castelo

Paisagem espetacular


O interior do castelo é marcado pelo estilo Barroco, do Renascentismo até o Romantismo. Dezenove condes viveram por lá, o último deles faliu e seus credores de Fribourg e Berna compartilharam seu condado. A partir daí, em 1555, o castelo tornou-se residência dos oficiais de justiça e, em seguida, dos prefeitos. Em 1849, foi vendido para as famílias Bovy e Balland e, em 1938, adquirido pelo cantão de Fribourg para, então, transformar-se em museu.

Local onde era a cozinha do castelo

Armaduras da época

Um dos luxuosos cômodos 

Abaixo, apesar de seco devido à estação de inverno, os belos jardins eram inspirados na França.


Da janela do castelo os campos de Gruyères
A cada passo, um clique e uma mordida no delicioso chocolate Cailler, que compramos no caminho. Não é muito conhecido pelos brasileiros, mas é um dos preferidos dos suíços. A fábrica (Maison Cailler), pertencente a Nestlé, está localizada em Broc (no caminho para Gruyères) e é aberta à visitação. Infelizmente não tivemos tempo de conhecê-la, mas considero imperdível para quem quer ver de perto a produção da marca mais antiga de chocolate suíço, fundada por François-Louis Cailler no século XIX.


Próximo ao castelo, o Museu HR Ginger exibe a fantástica arte do criador do "Alien" e vencedor do Oscar de melhor efeito visual no filme. Pinturas, esculturas, projetos de cinema e mobiliários do artista suíço são expostos de uma forma bem estilo filme de terror. Apesar de interessante, confesso que não gostei muito de ficar lá dentro não, principalmente sozinha em algum cômodo (ui!). É proibido filmar e fotografar. 



Logo em frente, ficamos impressionados com o temático bar HR Giger, totalmente voltado para o estilo Alien. A estrutura é uma réplica perfeita de vértebras, trazendo a sensação de estarmos dentro do corpo de um animal pré-histórico. Realmente esse foi o bar mais diferente que já vimos. 


Detalhe do teto

Detalhe das cadeiras
Chegou a hora de experimentar o tão sonhado fondue no Le Chalet de Gruyères. O restaurante é fofo, todo em madeira e muito aconchegante. Sentamos em uma mesa com vista para as montanhas e fomos atendidos por uma garçonete portuguesa. Fizemos a reserva com antecedência, mas acabamos chegando bem antes do horário e não teve problema.

Le Chalet
Pedimos o Fondue Château de Gruyères, acompanhado de pães, cebolinhas, picles e batatinhas cozidas com casca que foram trazidas dentro de uma simpática cestinha de madeira e um paninho xadrez. O preço foi de 29 francos por pessoa (em torno de 80 reais).


O sabor era inigualável. Dizem que um dos segredos do fondue suíço é o toque de Kirsh, uma aguardente de cereja aromatizada, além do modo como se misturam os ingredientes, da panela de cerâmica ou ferro fundido (dizem que a de inox é apropriada apenas para o fondue de carne), da intensidade do fogo, entre outros. E, logicamente, da qualidade do queijo que, no caso, melhor impossível!



E assim terminamos um dia maravilhoso da viagem, que nos surpreendeu em todos os aspectos. Voltamos para Fribourg com o sabor do legítimo queijo Gruyère, de um maravilhoso fondue e com lindas lembranças da vila. 

Até a próxima!

B.Jus

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